terça-feira, 10 de agosto de 2010

O bilhete de Elias José - Homenagem de Cida Negrinho


O BILHETE DE ELIAS JOSÉ


Falar de você, Elias, tem que ser por quem possui intenso brilho e criativa poesia, o que eu não tenho, mas quero deixar aqui um registro do que presenciamos em março de 2010.


Março de 2010. Chegou o dia de abrir a caixa da correspondência dos professores, funcionários e alunos relativa à comemoração dos 25 anos de existência do Colégio Estadual de Guaxupé. Ou seja, a caixa ficara fechada desde 1985. Que expectativa! Eram cartas, recados, bilhetes, fotos, atas, dentre outros, que seriam vistos no jubileu de Ouro da escola. A comemoração foi realizada com imenso carinho.


Tudo parecia muito simples, todos empenhados em encontrar, cada um, a sua carta, o seu retrato ou o seu bilhete. Em dado momento, alguém encontrou o recado de Elias. Não estando mais entre nós, vimos, com os olhos cheios de ternura e lágrimas, o seu bilhete manuscrito ao lado de um jogral apresentado como o documento que ele havia deixado para o atual ano.


Está assim o seu bilhete ao lado, bem na margem direita da primeira folha do jogral feito por ele:


“Aos colegas e alunos do ano 2010, este jogral, um pouco meu e um pouco montagem de textos e músicas de cantores conhecidos, com um abraço antecipado e carinhoso. Se eu estiver vivo até aí, o abraço será de um velhinho de 74 anos. Se não estiver, tomara que o meu trabalho literário esteja e fale muito do meu carinho pela vida, pelos colegas, pelas escolas de Guaxupé, por minha família e pelas crianças e jovens. Tomara que a tinta não se apague e dê para ler o texto. Meu abraço, meu carinho. Elias José.

Guaxupé, 20 – 12 – 85”


Elias José, parece que você sabia que partiria antes, como precocemente partiu. Sim, partiu precocemente, porque havia em você muito de jovem em todos os sentidos. Jovem nas ideias, na criatividade, na linguagem sempre renovada, simples e tão trabalhada ao mesmo tempo, no amor por todas as criaturas, crianças, jovens, idosos, professores, pessoas maduras. Foi arrojado e, precocemente, o precursor do miniconto, o que muitos esconderam e se propuseram a fazer também, como se fossem seus criadores.


A tinta não se apagou, Elias, porque o seu brilho de estrela, um tanto anjo do Senhor, jamais deixaria que ela se apagasse. Assim como a sua Literatura brilha em nossas almas sedentas de leitura e prazer em viver ainda um pouco mais.


Guaxupé, como o Brasil todo, também brilha intensamente com suas obras, tanto infanto-juvenis, quanto de adulto, tão encantadoramente poéticas e cheias de magia como só você soube criar e fazer brilhar pelas editoras dessa nossa enorme terra, como por outros povos.

Com elas, meu amigo, você conseguiu se eternizar com todo o brilho de todos os vaga-lumes da Terra, das luzes das cidades grandes e pequenas, (como aquela que o viu nascer – Santa Cruz da Prata), das estrelas e da Lua, sempre cantada por você, como o de todas as luzes daquele Natal de 85, e do seu último Natal, em 2007, com suas mensagens encantadoras, (tenho uma aqui bem guardadinha) como de todo Natal em que sempre será lembrado pelas suas palavras cheias de luz e energia, que você passava para todos nós com intenso carinho e vontade de viver plenamente.


E isso, todos nós sabíamos, porque você sempre comemorou a juventude, a alegria, a vida, o presente que, para você, era mesmo um presente de Deus, cheio de vida que você viveu intensa e encantadoramente amigo, com a eterna magia da sua infinita criatividade, marcando e fazendo brilhar mais ainda a Literatura Brasileira.


Obrigada, Elias, por existir em nossas vidas. Você foi um grande mágico da palavra literária, presente que Deus nos deu por tão curto tempo, mas que deixou o brilho dos que ficam para sempre.


Cida Negrinho

Amiga sempre



Um comentário:

Luciane Mari Deschamps disse...

Parabéns pela homenagem! Elias José merece.

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Eu vi um poeta
vendo a cidade de cima.
Será falta do que fazer
ou será falta de rima?