Semana passada recebemos no Instituto Cultural Elias José (ICEJ) para o Projeto Memória, a Sra. Salma Omaira Tauil. Uma visita com sabor de babaghanouj, kibe crú e beringela...
A vinda de Dona Salma para Guaxupé foi uma aventura, fruto do sonho de seu marido, Abdala Tauil, de viver na "Amérca".
Fazia muitos anos que um dos tios do marido, Sr.Miguel Tauil, veio morar no Brasil. E essa era a única informação que Abdala tinha do paradeiro do tio. Mas ele era obstinado e sempre dizia para esposa de que um dia iriam ganhar dinheiro na "Amérca" (O Brasil, para Abdala era a América). Quando soube por um amigo, que o tio vivia numa cidade brasileira chamada Guaxupé, Abdala não teve dúvidas: enviou uma carta contando seu desejo ao tio e mostrando fotos da família, que era formada por Abdala, Salma e pela barriga grávida de Dona Salma de onde nasceria Uatufa Abdala Tauil, primeira filha do casal. A carta foi endereçada à Miguel Tauil, porém sem nenhuma indicação de endereço além do nome da cidade, estado e país. Passou-se um mês e, para surpresa e alegria de ambos, chega na pequena cidade de Sadin, no Líbano, uma carta escrita pelo primo, Jorge Tauil, como se fosse o pai. Isso porque seu Miguel havia falecido há poucos meses e, com receio do primo sentir-se inseguro, Jorge resolveu escrever como se fosse o pai, convidando a família Abdala a morar em Guaxupé, onde ele e a família lhe dariam toda atenção.
Abdala não teve dúvidas: vendeu a propriedade, o gado e tudo o que possuía no Líbano e veio para "Amérca" com a esposa e a filha recém nascida. Foram 24 dias de viagem num grande navio italiano, que tinha festas todos os dias e era bem confortável. Salma lembra-se de um único dia em que a viagem tornou-se tensa. Uma tempestade fez as ondas tornarem-se gigantescas e quase o navio tomba. Foi assim que a bebê Uatufa aguentou firme, protegida no colo materno, a primeira aventura de sua vida. Sem maiores percalços, saíram do Líbano em 29/12/1952 e chegaram no Porto de Santos em 23/01/1953. Em Santos uma surpresa e um alívio: estavam lá para recepcioná-los o primo Jorge Tauil com a esposa Maria José e um sobrinho, Adib.
A aventura era para durar 10 anos, tempo em que Abdala acreditava que guardaria dinheiro suficiente para voltar a terra natal e comprar uma linda casa na cidade. Mas como constatou dona Salma, não era tão fácil ganhar dinheiro no Brasil, nem sentir vontade de voltar. Assim essa aventura dura até hoje, 57 anos depois da chegada da família Abdala Tauil, em Guaxupé.
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Eu vi um poeta
vendo a cidade de cima.
Será falta do que fazer
ou será falta de rima?